2.8.06

"QUANDOO DIA NASCER E MORRER" - Cordel do fogo encantado


Bate a cinza. Noite alta, nem clara, nem entregue. Um negrume perdido faz fundo de contraste. Festa de luz no baixo da cidade de boca aberta.
Entra gente tropeçando na embriagues que eleva o assoalho. Fica menos distraída de gente quando está sozinha. A cozinha por desacumular as sacolas de “obrigado pela preferência”. A diversidade delas demonstram que agradecer não é preciso. Prefere um pouco de gelo a mais e que o garçom pingüim examine o cinzeiro. Trouxe a casa na bolsa em um espelho de trás da escova. Quando acha estilhaços de coisas perdidas acha muita graça. Insinua-se a si mesma no espelho. Bonita. Não espera a sentença de uma gravata embebida de perfume doce e relaxa na figura que lhe é tão peculiar. Em vezes se ama e se odeia. Acha saudável não morrer de amor. A dor lhe absorve uns quilos que faz bem as saboneteiras. Saltam aos olhos como agora. Esteve presa em um afeto que botou as unhas vermelhas de um forte que a acomodou. Incomodou-se numa manhã com a garra fincada e foi ao mercado. Nunca havia entrado neste que agora dava a preferência por Ter faixada verde. A dor de descobrir o ledo engano comprou legumes. Perdeu 3 quilos. Limpou a casa como quem procura os cacos. Dias de vexame e televisão ensacados pela preferência de desobstruir a passagem. A bagagem que não levou nas mãos pegou pelo ouvido. Hino de Duran, Aquele velho Chico. Mulher irresistível aos olhos tão verdes como os legumes e a fachada. A mulher que compra toalha na liquidação por cacoete. A cidade continua aberta em luzes. Ela desenha um cartão postal para a pessoa que não mora mais em endereço. Bate a cinza com ar de desprezo pelas coisas que finda e só. O cigarro não é uma companhia confiável.

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