8.11.06

Carta de um dia que, desatento, amanheceu.
<Àqueles que meu jeito estúpido de amar não convence.>

Enquanto espero que amanheça o dia. Espio entre os dedos de visão trêmula mais um anúncio ou convite que apressa as datas.
Enquanto não ensaio coerente a prece da corrente que um amigo enviou, desrespeito a madrugada desse novo horário como se houvesse um medo maior das horas apagadas de um sonho que eu não domino.
Se não dormindo eu peço mais por um mundo que, mudo, só me olha pelas luzes de um amarelo rancoroso das luminárias da rua.
Escorrega gotas da noite que nunca emudece. Úmida, arranca grunhido dos seres soturnos e solta os passos dos bichos pequenos do fundo das coisas, das casas.
Um cigarro pulveriza o ambiente das cores puras.
A noite não tem a calmaria da respiração profunda de uma criança de lavanda. Essa noite é dos cachorros dos guetos que ecoam ladros de atenção por toda a avenida de piche ainda fresco. Quase sinto o cheiro.
A infecção que abre quando não há mais cores quentes invadindo os vãos da janela, perturba a desorganização do meu quarto de roupas e sapatos sem chão. A comoção da disposição arbitrária conforta o status de não ser casa.
Caso eu durma, não espero que desfaleça meu modo estúpido de amar que não prende o dia.
Caso eu durma e esqueça de acordar, que para vocês amanheça.

Um comentário:

Luciana Lopez disse...

Maíraaaaaaaaaaaaaaaaaa, "pasmei".....sério, sério!