2.4.08

Imagem: Yves
A Ressaca dos MALES (Para Sandra)
"A mulher em milhares" (Luiz Tatit em Capitu)

ONTEM - Uma sala de entornos a serem decifrados abria-se, quando permitia o afago do espaço. Toda cheia de vagos. Um caldo, um Diazepam.
As dores musculares morfinavam-se na brandura do auto-trato.
Ela só pedia o que negava.
As outras dores, em doses homeopáticas, findavam-se com o carnaval. E ele passou sem rastros.
Na espera, a fuga acarinhava as horas. Suas demoras. E era um tempo em que esperar a felicidade era como roubar amoras sem deixar nódoas. Ela trazia o gozo estampado na camisa e as marcas furtivas desvelam-se subcutâneamente.
Entre os dentes não aceitava nem os eternamente contentes, tão menos os incontestáveis. Inconteste.
A ressaca dos mares a entretia e a entediava. Não tinha crivo para ser Capitú, mas não teria peito para ser outrazinha. Antes então seus pêlos soltos pela casa ao apelo.Antes do que o Depois que vinha sempre igual ao antes.Ela queria o agora com o novo.
E passado os dias inúteis da semana de contas exatas, que sempre finda ao sétimo dia. Com as mesmas notícias frívolas que nascem para acabarem envoltas aos olhos distantes dos peixes. Ela se permitiu.
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ÀS 21H33 DA SEXTA-FEIRA - Não teria nada a comemorar naquele janeiro. Era inteira nas metades que se juntavam, farrapo por fiapo.
Lentamente, pela sala, levantava os iMÓVEIS em mogno e soprava-lhes toda a paúra de poeira dos olhos.
Havia graça no incômodo das horas que invadiam as janelas.
Ela não possuía mais relógio e entretia-se com os saltos soltos nos tacos que não ecoavam mais, alardeando os cantos em desencontros. O som seco do assoalho já fora prenúncio de noite apagada. Não mais.

Não havia um comunicado prévio para endossar o lento do dia de quando quer-se muito "exatos momentos". E ela ia. Não mais indecisa com o aceno do tempo. Com o acerto do imbróglio que nasceu para não ser coeso.
E dentro, aquilo que não cabia mais, tornou-se coisa fluída.

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