9.8.06

Ainda o que veio no bolso da FLAP!
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...¨De improviso...¨


Você amaria. Falo em amor porque você reclama menos grosseria em minhas blusas de naftalina. Você estranharia. Como minha grafia torta toda sem pontuação. Meus livros de não ficção jornalística. Traria seu casaco. Cacos nos bolsos de espremer demoras. Ninguém entra e ninguém sai. Acenderia o fogo alheio sob o espelho enamorado. Você faria um filho. Enquanto eu escreveria uma frase curta no lado B do maço de cigarros. Meus olhos se cansariam das cores e formas que eu descobri sozinha. Alinha da língua e a política dos copos refrigerados. Corpos com casacos suados do tempo indefinido. Você acharia lindos os passos perdidos nos bicos dos sapatos alegres. Acabaria rindo distraído de detalhes. Chamaria-me a tenção por chamar a atenção presa no embaçado do vidro que alguém risca. Arrisco os minutos segurando sua intenção ao meu umbigo feio. Você caberia nesta cadeira vazia de Virgínia Woolf . Afogaria neste lago este meu lado árido. Você estaria indo a cada frase de ritmo e pressa. Você pregaria minha espera numa moldura. As pontas dos dedos ressecados riscariam no chão versos sem trotes. Você tropeçaria nesta revelação. Nunca mais faria a barba. Você desarmaria as palavras e os pelos de frio. No fio da fumaça que decodifica em desenhos o que a boca não falou. Você amaria, desamaria, chamaria Maria. Você aconteceria enquanto venta lá fora - antes mesmo de eu ter que te inventar.

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