18.12.06

Por cima dos aviões...


Eu tenho medo de gente organizada, arquivada.
Gente lista de supermercado, item por item.
Eu temo gente crescente, decrescente, sincronizada.
Eu temo mais a ordem lógica das coisas, do que o caos.
Tenho medo de gente gaveta, separada por etiquetas, embalada em plásticos.
Medo dos grampos vermelhos que vedam a entrada de corpos estranhos.
Tenho medo de gente normal, igual, comum.
Medo dos corpos comuns.
Medo de quem não pega, não cheira, não morde.
Medo de quem tem medo de carne.
Medo de quem tem tantas ideologias. Simbologias. Idiossincrasias.Parágrafo, aspas e travessão.
Tenho medo de quem não atravessa a avenida sem ter motivo.
Medo de quem sabe o lado certo de ir.
Medo de quem sabe onde ficar.
Eu tenho medo de quem me pergunta demais.
Medo de quem me esquece demais.
Medo de quem finge por medo.
Medo de quem ri sem graça.
Medo de quem usa veneno contra traças, contra caspas, contra cócegas.
Temo quem não fala sozinho, quem usa mensagem subliminar.
Eu tenho medo de quem não tira sarro na minha cara e nem jorra privado a baixo a merda que sempre é o day-after.
Tenho medo de ser protegida.
Eu tenho medo das coisas simples da vida.
Medo de gostar das coisas simples e pegar na mão.

2 comentários:

Luciana Lopez disse...

"Direta" pra mim...
Mas você é medrosa, einh!!!

arìam disse...

Hahah, meus textos são meus por mim. Não querem dize rnada diferente do que eu precise ouvir, mai sdo que ouvir, me convencer. Mas eu sou medrosa mesmo. Tanto que até escrevo, caso não, estaria nas ruas me doando. Irrestrita!
Bjo Lu!